terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Óleo lubrificante: tire as dúvidas


Viscosidade, classificação API, sintético ou mineral, alto consumo: saiba mais sobre um assunto de vital importância para o motor


A lubrificação é essencial para o motor, pois sem isso ele funcionaria apenas por alguns quilômetros. O óleo lubrificante reduz o atrito entre as peças internas do motor e contribui para refrigerá-las, pela troca de calor e para evitar sua oxidação.


Nos primeiros automóveis, bastava existir um reservatório de óleo (o cárter), no qual o virabrequim tocava levemente o lubrificante durante o funcionamento: o toque gerava salpicos que lubrificavam o motor. Aumentos de rotação e de exigências, porém, logo exigiram a evolução para o sistema de lubrificação forçada, para o qual é necessária a bomba de óleo. Assim, se conduz o lubrificante sob pressão para canais que o levam aos mancais do virabrequim, às bielas, aos pistões, ao comando, às válvulas e aos outros componentes. A bomba de óleo é movimentada pelo próprio virabrequim.


O óleo se torna menos espesso, ou viscoso, quanto mais alta a temperatura em que trabalha. A viscosidade é expressa em um número precedido das letras SAE (sociedade de engenheiros automobilísticos, em inglês), uma sociedade americana fundada em 1905 para cuidar da normatização em toda a indústria da mobilidade. Antigamente, o óleo era monoviscoso, ou seja, servia para certa faixa de variação de temperatura &mdash por exemplo, um óleo SAE 40. Há décadas, contudo, o padrão passou aos multiviscosos, que suportam variações de temperatura bem maiores. Um óleo SAE 20-40, por exemplo, atua como um SAE 20 em baixas temperaturas e como um SAE 40 em um dia quente em que o motor seja operado em altos regimes.


Quanto mais baixo for o primeiro valor, melhor será a lubrificação em tempo frio. Quanto mais alto for o segundo número, maior será a proteção em alta temperatura ambiente ou do motor. A especificação de viscosidade SAE traz junto ao primeiro número a letra W, de winter (inverno, em inglês), indicando tratar-se de óleo de grande fluidez em tempo frio. No exemplo dado, seria um óleo 20W40.


Outra classificação do lubrificante é a determinada pelo API (instituto americano do petróleo, em inglês). Iniciada em SA, passou a SB, SC e assim por diante, cada uma representando maior grau de proteção e aditivação que a anterior. A classificação mais alta encontrada hoje no mercado brasileiro é SL, mas ainda existem à venda óleos de classificação mais antiga. Um carro produzido há 10 ou 15 anos pode usar o lubrificante recomendado à época, só que adotar uma classificação API mais recente traz benefícios que certamente valem o pequeno aumento de custo. Além disso, é cada vez mais difícil encontrar óleos de classificação antiga ou mesmo monoviscosos.


Os sintéticos


Óleos sintéticos são aqueles desenvolvidos em laboratório e não pelo refino do petróleo. Apresentam grande poder de limpeza, proteção contra atritos e resistência à oxidação (o que permite seu uso por quilometragem muito maior que a dos minerais), mas custam bem mais. Há também os semi-sintéticos, em que uma base sintética recebe óleo mineral, o que barateia o produto e resulta em uma qualidade intermediária.


Se o fabricante recomenda um desses tipos de óleo, não se deve usar o comum (mineral), salvo em emergência e com prazo entre as trocas reduzido à metade. Se por outro lado, o fabricante autoriza o óleo mineral e o proprietário usa o sintético, pode aumentar o prazo entre as trocas. Misturar óleos comum e sintético no motor não chega a prejudicá-lo, mas pode anular boa parte das propriedades oferecidas pelos aditivos de cada um, o que não é recomendado.


Por sua maior função detergente, o óleo sintético tende a remover depósitos de carbonização criados pelo uso prolongado do mineral, sobretudo os de geração mais antiga. Por isso, é interessante substituir o filtro de óleo mais cedo na primeira utilização do sintético, para evitar a sua saturação.


A oferta de aditivos para óleo é comum nos postos, mas os lubrificantes modernos são altamente aditivados na fabricação e atendem com folga às necessidades dos motores atuais. Um produto adicional pode tanto ser inócuo quanto, na opinião de alguns técnicos, mostrar-se incompatível com os aditivos originais &mdash e até prejudicar a lubrificação.


Motos e motores Diesel


Há a crença de que óleos para motocicletas ou para motores Diesel, quando usados no automóvel, garantem melhor proteção e aumentam a vida útil do motor. É pura lenda. No caso dos óleos para motos, eles só são diferentes dos usados para automóveis por conter mais aditivo antiespumante, em razão de seu uso ser compartilhado entre o motor e o câmbio, em que engrenagens normalmente produzem muita espuma ao girar.


Já os óleos para motores Diesel precisam conter mais aditivo para neutralizar o enxofre, presente nesse combustível em porcentagem bem maior que na gasolina e que aumenta a formação do ácido sulfúrico, altamente corrosivo. Nenhum desses dois tipos de óleo, entretanto, prejudica o motor do automóvel.


O prazo correto


Cada motor tem seu intervalo ideal de troca (em quilometragem e tempo), indicado pelo fabricante do veículo, conforme as condições de uso e o óleo recomendado. Carros que rodam mais na cidade e em percursos curtos em que o motor trabalha mais tempo na fase de aquecimento, que circulam em regiões muito poeirentas ou submetidos às exigências severas, como puxar reboque, necessitam de uma troca de óleo mais cedo.


Nos últimos anos, foi revertida a tendência de maiores intervalos, como o de 20.000 km adotado pela Fiat no lançamento do Palio, em 1996. Várias marcas passaram a recomendar a troca em prazo menor, pois o uso de combustíveis de qualidade duvidosa resulta em contaminação do óleo e formação de borra, com prejuízo à lubrificação. Ao prazo por tempo, que muitas vezes vence antes da quilometragem indicada, sobretudo em carros que rodam pouco. Vale lembrar que quilometragem e tempo de uso do óleo não são críticos como se pensa. Por exemplo, se no meio de uma viagem o óleo "vencer", não é necessário trocá-lo no caminho. Pode-se continuar normalmente e trocá-lo no destino.


Muito importante, claro, é manter o nível no patamar correto. Ao contrário do que muitos pensam, não é necessário que o nível do óleo esteja na marca superior da vareta de medição para a perfeita lubrificação do motor: basta que fique entre as marcas superior e inferior.


Alguns motores podem consumir até 1 litro de óleo a cada 1.000 km rodados, sem que o fabricante considere o fato anormal quando se trata de discutir um atendimento em garantia. Mas os motores atuais, do início dos anos 1990 em diante, consomem bem menos óleo, não chegando a 0,5 litro por 1.000 km. O consumo costuma ser mais alto em motores novos ou retificados há pouco tempo: seus componentes, em especial os anéis de segmento nos pistões, ainda não estão bem assentados e causam vedação incompleta e maior atrito, além da maior temperatura de trabalho.


Para medir o nível, o ideal é não fazê-lo logo após desligar o motor, como muitas vezes se vê nos postos. Parte do óleo está ainda junto dos componentes e não desceu para o cárter, levando a leitura incorreta (a menos???). É preciso aguardar alguns minutos, se o motor estiver quente e um tempo a mais se foi desligado ainda frio, para que o óleo escoe totalmente. Por isso, nada melhor que a medição em casa, após horas de inatividade. Atenção também ao piso, que pode falsear a medição se não for plano. Óleo em excesso aumenta o atrito interno e leva à queima, que suja as velas e aumenta a emissão de poluentes.


Queima de óleo


A emissão de fumaça cinza-azulada pelo escapamento é sinal de queima indevida de óleo pelo motor e, portanto, indica problemas. Caso não haja fumaça, mas o consumo esteja acima do admitido pelo fabricante, a razão pode ser vazamento &mdash pelas juntas da tampa de válvulas, cárter, filtro de óleo, retentores e junta do cárter, na maioria dos casos.


Os problemas mais complexos de descobrir e corrigir, porém, são aqueles em que o óleo chega às câmaras de combustão. O motivo pode ser simples, como um entupimento da tubulação do sistema de ventilação do cárter, que existe para que os vapores de óleo não cheguem à atmosfera, poluindo-a. Isso acaba por pressurizar o óleo no cárter pelo movimento de vai-e-vem dos pistões, levando o lubrificante a subir para as câmaras entre pistões e parede dos cilindros.


Outra hipótese é a folga nas guias de válvulas, que leva o lubrificante que está no cabeçote à câmara de combustão. O óleo queimado junto da mistura ar-combustível resulta em carbonização das velas, válvulas e cabeça do pistão. O óleo também pode chegar às câmaras por vedadores das hastes das válvulas gastos.


A razão mais grave de queima de óleo é a folga nos anéis de segmento dos pistões, por desgaste dos anéis e/ou das paredes dos cilindros. Esses anéis servem para manter a combustão da mistura ar-combustível longe do cárter, por um lado (anéis de compressão), e manter o óleo fora das câmaras de combustão, por outro (anel raspador). Se a folga entre os anéis e os cilindros superar o admitido pelo fabricante, quando o pistão descer no tempo de admissão aspirará o óleo pelas guias de válvulas gastas no tempo de compressão, a mistura ar-combustível será menos comprimida, causando perda de potência e no tempo de combustão, aumentará a pressão no cárter, levando o óleo a subir entre pistões e cilindros e ser queimado no próximo ciclo.


Essa fuga de óleo pode ser descoberta pelo reparador com a medição da pressão de compressão dos cilindros ou a inserção de ar comprimido, com o pistão no ponto morto superior (PMS) e as válvulas fechadas. No primeiro caso, pressão abaixo da especificada pelo fabricante do motor indica vedação incompleta. No segundo, queda de pressão além de determinado valor num dado tempo detecta o problema. Um exame visual das condições das velas também pode indicar queima de óleo, visível por depósitos oleosos nelas. Motores com turbocompressor podem ainda apresentar passagem de óleo pelos retentores da árvore turbina-compressor.


(Oficina Brasil - Fabrício Samahá)



O óleo lubrificante é produzido misturando-se vários aditivos ao óleo base, semelhante a uma receita de bolo



O óleo tem várias funções além da lubrificação, por isso os períodos de trocas devem ser obedecidos rigorosamente



Os produtores de óleos lubrificantes fazem exaustivos testes com seus produtos, tentando reproduzir no laboratório as condições do uso cotidiano



O óleo pode se tornar um inimigo caso suas trocas não sejam realizadas em prazos corretos


A bomba de óleo é responsável por retirar o óleo do carter e fazê-lo circular entre do motor



Os filtros de óleo servem para aumentar a vida útil do óleo no motor, por isso tem desenhos e exigências tão diferentes, de acordo com o veículo em que serão aplicados


A maioria das montadoras utiliza filtro de óleo do tipo cartuchos, devido ao custo de produção e àfacilidade de substituição



Sem a lubrificação proporcionada pelo óleo, o desenvolvimento das máquinas não teria chegado os níveis atuais



Cuidado ao substituir o filtro de óleo, pois apesar de terem a mesma aparência, apresentam filtragem, vazão e tamanhos diferentes




Atualmente, as grandes reservas de petróleo se encontram em alto mar e esse petróleo bruto já é refinado nas próprias plataformas



O óleo lubrificante para motocicletas tem aditivos bem diferentes dos utilizados nos automóveis devido à suas exigências

24 comentários:

Unknown disse...

gostaria de saber mais sobre os aditivos de óleos automotivos , que são mais densos e recomendado para serem colocados juntos no motor, isso é mesmo eficiente?, tive a impressão que depois que passei a usar, até o baruhlo e desempenho do motor melhorou, será que estou emganado?

Leandro Sauerbronn disse...

Sim Roger, quando utilizamos um óleo mais viscoso realmente o barulho diminui bastante, mas não quer dizer que o óleo seja adequado para o motor que você utiliza, normalmente quando o motor está fazendo algum barulho necessita de ajustes mecânicos, o ideal é você utilizar o que o fabricante do teu carro recomenda para a quilometragem do seu motor. Eu utizo em um Opala 6 cilindros um com baixíssima viscosidade um 5-30, ganho desempenho e no consumo, já num Del Rey CHT turbo utilizo um óleo para Turbos da Petrobras, cada caso é um caso. Abraços e obrigado por acessar o Blog

Bianca disse...

Olá,
Meu automóvel está queimando óleo. Recomendaram-se adicional 1/2 litro de óleo à base de banana. Esta recomendação está correta?
Grata

Leandro Sauerbronn disse...

Olá Bianca, não é correto utilizar óleo a base de banana, o carro vai parar de queimar por algum tempo, porém, com mais viscosidade a tendência é piorar, o correto é buscar um mecânico de confiança e fazer o motor.

Unknown disse...

Olá, tenho um Marea 1.8 e quando acelero muito ele solta uma fumaça preta, tem algo a ver com o óleo.
Ahh.. eu só uso óleo selenia.

Obrigado

Fidelis disse...

Olá, tenho um Fiat Tipo, ano 1994, com motorização 1.6 (versão IE), á gasolina e gás. Ela está com mais de 100.000 km rodados.
Utilizo-a basicamente para levar meu filho à escola e andar pelo bairro. Muitas vezes ao fazer estas tarefas, o motor nao chega aos 90º de temperatura. Bem diante, do exposto gostaria de perguntar qual melhor oleo automotivo para colocar em meu carro? Importante: efetuo a troca a cada 6 meses.

Leandro Sauerbronn disse...

No teu caso, procure um óleo que a FIAT indique, seu carro como já é com injeção deve continuar usando um óleo sintético, quando for trocar troque tb o filtro.

Anônimo disse...

ola,tenho um classc vhc2005 eu uso o oleo 20w50 mais apareceu uma zuadinha tectectec o mecanico mim disse que é tucho,qual oleo vcs mim recomenda colocar pra melhorar o tectectec o km é real 95658,Obrigado

Blog Do Feh disse...

Ola tenho um Palio 97, 1.5 com 500 mil km rodados, bom comprei agora o painel esta marcando isso, gostaria de saber que oleo usar?

Carlos disse...

Tenho uma scooter 50 cc que recomenda usar oleo 5-40w.
O problema é que especificamente para motos a 4 tempos só encontro 10-40W. sabe me informar um oleo a usar.

arsenioaragao disse...

Sou de Juazeiro do Norte-ce, e tenho vontade de colocar uma distribuidora de óleo para distribuir no varejo e atacado, queria saber como proceder.

grato,Arsênio Aragão

NETINHO disse...

TENHO UM GOL 1000,8 VALVULAS, TA ESTA COM 100.000KM, NO MANUAL FALA QUE POSSO USAR OLEO MINERAL OU SINTETITO MAS NAO DIZ A ESPECIFICAÇAO.QUAL DEVO USAR? E QUAIS A MELHORES MARCAS?

NETINHO disse...

TENHO UM GOL 1000,8 VALVULAS, TA ESTA COM 100.000KM, NO MANUAL FALA QUE POSSO USAR OLEO MINERAL OU SINTETITO MAS NAO DIZ A ESPECIFICAÇAO.QUAL DEVO USAR? E QUAIS A MELHORES MARCAS?

NETINHO disse...

TENHO UM GOL 1000,8 VALVULAS, TA ESTA COM 100.000KM, NO MANUAL FALA QUE POSSO USAR OLEO MINERAL OU SINTETITO MAS NAO DIZ A ESPECIFICAÇAO.QUAL DEVO USAR? E QUAIS A MELHORES MARCAS?

Laercio disse...

Tenho um Fiat Idea 1.4 e estar com 167.000km rodado, gostaria de saber qual o óleo indicado, uso o mineral ou semi-sintetico, atualmente estou usando o Helix 20w40 mineral. Qual voce mim recomendaria.

homc disse...

Recentemente tive problema cabeçote motor ap2000, feito a menos de menos de 10.000 km, sem garantia, justificativa GNV, justificativa calor do cabeçote, oleo ficou queimado,utilizo 20/50, posso mudar para sintético? com melhor poder calorifico e viscosidade mais longa?, grato Hamilton ( bono5555@hotmail.com)

Augusto disse...

Boa tarde Leandro! Tenho uma Pajero TR4 2005 que está completando 100 mil km. Uso óleo semi sintético.15W40 APISN. Seria positivo migrar para um sintético? Neste caso qual seria a viscosidade indicada? Caso contrário, qual seria recomendação?
Obs.: pretendo adicionar o Molycote A2.
Grato!

Leandro Sauerbronn disse...

Não troque um semi-sintético por um sintético a não ser que tire completamente do sistema o semi-sintético, no seu lugar não adicionaria nenhum produto e continuava com o semi-sintético.

Unknown disse...

todo oleo é fabricado pela??

Anônimo disse...

Bom dia Leandro!

Temho um focus 2.0 16v, ano 2002. A Ford, em seu manual recomenda Óleo Motorcraft 5w30 ou 20w50, API SL. São óleos de viscosidade bem diferentes, sendo assim, qual devo usar, e posso usar sintético?

Abraçõ, e desde já, obrigado.

Ébert

AFAC disse...

Olá; apreciei bastante a matéria, contudo há algo que não ficou muito claro: sabemos que viscosidade e temperatura são inversamente proporcionais - ou seja, à medida que a temperatura é aumentada a viscosidade diminui e vice-versa; com isso em mente, não faz sentido afirmar que um óleo multiviscoso é "fino" a baixas temperaturas e "engrossa" à medida que o motor esquenta. Gostaria de entender melhor este aspecto... Abraços.

Fernando Lázaro disse...

Olá boa tarde.
Sou o Fernando Lázaro e possuo um Hyundai elantra 1.6 a gasolina.Ultimamente o consumo misto anda nos 7.2 L/100Km emquanto anteriormente situava-se nos6.4L/100Km.O motivo deste acréscimo deverse-à ao facto de ter usado òleo sintético5w-40 da galp em vez do mineral 10W-40? Pois o motor também está a consumir óleo a um ritmo de 1L/4000Km.
Muito obrigado pela sua atenção.

Anônimo disse...

TENHO UM PAJERO TR4 2012 AUTOMATICA E O OLEO INDICADO ERA CASTROL MAGNATEC 10W40 EAGORA VEIO UMA NOVA INDICACAÇÃO LUBRAX ADVENTO 4X4 10W30. DEVO CONTINUAR USNDO O OLEO CASTROL OU USAR O LUBRAX UM ABRAÇO REZENDE

Leandro Sauerbronn disse...

Amigo, pode trocar sem problemas, lembre-se de escoar completamente o antigo e de trocar o filtro por um novo. Abraços e acesse nosso site no Facebook também - https://www.facebook.com/cursosdemecanica/ Abraços.