Veículos 4X4 e motos vencem a lama e usam o que sobrou das estradas.
Grupos partirão novamente para pontos atingidos
Clubes de jipeiros, proprietários de veículos 4X4 e de motos para trilha de várias cidades do Rio de Janeiro se uniram e partem em grupos organizados para socorrer as pessoas que ficaram isoladas, após as fortes chuvas que atingiram a região serrana na última semana. Os veículos preparados para a lama têm conseguido chegar em lugares que nem mesmo os caminhões do exército passaram.
“Em alguns locais, carros e motocicletas de uso urbano não conseguem chegar por causa da lama e os caminhões do exército, às vezes, tem dificuldade para passar no que sobrou de algumas estradas por causa do tamanho do veículo”, afirma o major Rovian Alexandre Janjar, da 1ª Divisão do Exército.
  Um dos integrantes das equipes de jipeiros é o vice-presidente da Cruz  Vermelha do Estado do Rio de Janeiro, Elington Canella, que é  proprietário de um veículo 4X4 e têm acompanhado de perto as expedições.
  “Partimos na última semana em 25 jipes para identificar as pessoas e  dar alimento o mais rápido possível, já que havia famílias que estavam  há quatro, cinco dias sem comida”, diz Canella. “A carga que levamos é  relativamente pequena por causa da capacidade dos veículos, mas já  conseguimos distribuir cerca de 30 a 40 toneladas nos bairros entre  Friburgo e Teresópolis.”
  Os bairros de Teresópolis - Bonsucesso, Conquista, Ponte Nova, Santa  Rita, Vieira -, e os municípios de São José do Vale do Rio Preto e  Sumidoro são algumas das áreas atendidas pelo Jeep Clube de Teresópolis e  um grupo de motociclistas, que no último final de semana reuniram 68  jipes e cerca de 85 motos de trilha.
  “Há pontos em que não há a mínima condição de ir com um veículo 4x2 e  nem o jipe, que é mais alto e tem tração nas quatro rodas, pneus  especiais e guincho elétrico, consegue chegar”, conta Emílio Astori,  integrante do Jeep Clube de Teresópolis. “Então saímos com as motos de  ‘cross’ que pegam as doações dentro dos veículos, colocam em mochilas e  transportam até as famílias.”
  De acordo com Astori, já foram entregues 360 cesta básicas, fora  produtos de higiene. “Nós vamos ao mesmo ponto mais de uma vez e se, por  acaso, sobra algo entramos de novo até distribuir tudo. Sempre tem  alguém que ainda precisa”, diz o jipeiro. “E o nosso trabalho não para,  pois se hoje as áreas atendidas estão abastecidas, amanhã elas vão  precisar de nós mais uma vez.”
  O empresário e motociclista Nilson Neves se orgulha ao dizer que foi o  primeiro grupo de socorro a pisar em Campo Grande, bairro de  Teresópolis.  De acordo com Neves, ele e um amigo chegaram ao local na quarta-feira  (12), um dia após o início das chuvas que castigaram a região serrana.
  “Nós conhecemos muito bem a região e fizemos um caminho por dentro do  mato”, conta o motociclista. “Os bombeiros de Campo Grande estavam sem  comunicação, então intermediamos o contato e fomos buscar luvas para que  eles continuassem o trabalho de retirada dos corpos, pois todos,  inclusive os voluntários, estavam escavando sem nenhuma proteção nas  mãos.”
O distrito de Amparo também foi socorrido por um grupo “da lama”. “Nós  fomos os primeiros a chegar em Amparo. A cidade não foi tão impactada,  mas ficou completamente isolada “, conta o vice-presidente do Niteroi  Jeep Clube, Carlos Erbesdobler. “A situação é tão crítica que quando  paramos para um lanche fomos abordados por moradores pedindo a nossa  comida e entregamos. Para nós seria apenas um dia sem alimento.”
  Os integrantes do Niteroi Jeep Clube se dividiram em três equipes: uma  para carregar as doações de Niterói até a região serrana, outra para  ajudar a levar os donativos à Cruz Vermelha e a última foi direcionada  para atender pedidos de socorro de pessoas que entram em contato com o  grupo.
  Os clubes de jipeiros e motociclistas do Rio de Janeiro já estão  organizando uma nova “subida” no próximo final de semana. Os  proprietários de veículos 4X4 e trilheiros que queiram integrar o grupo  podem acessar o Fórum Brasil 4X4 e o Jipenet-RJ para tirar dúvidas e receber orientações de como ajudar.(G1)



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