quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Dados oficiais apontam avanço de roubos de carros nas rodovias federais no Rio


Pesquisa do Instituto de Segurança Pública indica que há crescimento.
Levantamento mostra pontos críticos em trechos da Dutra, Caxias e Niterói.

Pelo menos três estradas federais que cortam o Rio voltaram a ser alvos de ataques violentos de assaltantes de carros. A polícia tem registrado um aumento desses casos em trechos da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), Washington Luiz (BR-40) e Niterói-Manilha (BR-101). Três municípios da Baixada - Duque de Caxias, São João de Meriti e Nova Iguaçu - apresentam avanço de algumas modalidades de crime, segundo dados oficiais - veja no infográfico abaixo.


Algumas vítimas contam, ainda sob o trauma do ataque, que sofreram sequestros relâmpagos, roubos de carros e ameaças de morte de quadrilhas que cercam os veículos em plena luz do dia. Um funcionário público, que foi assaltado, afirma que o problema não é recente: teria começado em 2005.


Dois arrastões, um morto


São histórias como as que viveram os motociclistas que sofreram um arrastão, no último domingo (16), cercados na BR-40, que liga o Rio a Belo Horizonte e Brasília, na altura do município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Os criminosos mataram uma das vítimas ao descobrirem que ele era um policial.

O ataque aconteceu a menos de 48 horas depois de um grupo de 12 homens fechar a Via Dutra (BR-116, que liga o Rio a São Paulo), na altura de São João de Meriti, também na Baixada Fluminense, quando roubaram dois carros. Em meio ao pânico, motoristas tentaram escapar na contramão, deixando o trânsito tumultuado.


As cenas se repetem na memória de outras vítimas, como conta o funcionário público Roberto Ribeiro Costa, de 56 anos. “Esses assaltos na Washington Luiz acontecem há muito tempo. Em 2005 havia uma onda de terror nessa via. Eu sofri um sequestro relâmpago, com mais três pessoas, por volta das 6h20 da manhã. Cinco bandidos, armados de pistolas e até granadas, nos deixaram mais de quatro horas dentro da Favela Beira-Mar, até sacarem todo o nosso dinheiro. Ficamos sabendo, depois, que a quadrilha atacou vários outros motoristas”.


A menos de dois meses, o comerciante Arnaldo Rogério Santos, 31, foi uma das vítimas da quadrilha do arrastão na Dutra, próximo ao Trevo das Margaridas. “Fui fechado por um carro e os homens desceram armados de pistolas. Na primeira oportunidade, corri, em zigue-zague. Tenho um filho, recém-nascido, e só pensava em ficar vivo”, conta, explicando que sua atitude foi provocada por um trauma de outro assalto, quando quase foi executado.


“Estava em um Focus e fui cercado por um Peugeot e um Corolla. Um bandido tomou o volante e outro ficou atrás, com uma pistola apontada para a minha cabeça. Ele estava com a boca espumando, visivelmente drogado, e não falava coisa com coisa. Eu estava com uma senhora, que tinha uma bíblia, e dizia que eu era filho dela pedindo: ´Não mate meu filho que Deus vai guardar vocês’. Quando abandonaram a gente na Favela do Lixão (Caxias), um deles disse que não me matou por causa da ‘minha mãe’.", lembrou.


Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) confirmam o aumento desse tipo de violência nessas áreas. De acordo com as estatísticas, no período de janeiro a maio, comparado ao mesmo período do ano passado, os números são os seguintes:


Em Duque de Caxias, na área sob a responsabilidade do 15º Batalhão de Polícia Militar, os roubos de veículos subiram de 1.070 para 1.102. Em Nova Iguaçu (20º BPM), saltou de 863, nos cinco primeiros meses de 2008, para 882. Em Niterói (12º BPM), foi de 498 para 541. E, em São João de Meriti (21º BPM), de 289 para 475 roubos de carros.

Segundo levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o trecho mais perigoso da Via Dutra começa em Vigário Geral e vai até a divisa com Nova Iguaçu. O risco maior é nas proximidades do acesso a Vilar dos Teles, por onde passam cerca de 160 mil veículos por dia, segundo a concessionária NovaDutra. Na Washington Luiz, os assaltos são mais frequentes no entroncamento da Linha Vermelha com a via, na altura do número 3000, em Duque de Caxias.


Na descida da Ponte Rio-Niterói, o perigo se estende até Itaboraí. Os acessos clandestinos à estrada facilitam a ação das quadrilhas. Os locais onde mais ocorrem assaltos, segundo a PRF, são a Avenida do Contorno, em Niterói, e os trechos que atravessam os bairros de Gradim, Jardim Catarina e Guaxindiba, em São Gonçalo. Já na Rio-Teresópolis, o medo acompanha os motoristas de Magé a Guapimirim.

Com 800 homens atuando nas rodovias do Rio, a PRF reconhece que é difícil impedir a ação das quadrilhas sem a integração da Polícia Militar e o trabalho de investigação da Polícia Civil. “Sem uma parceria, para troca de informações e planejamento para agir, será muito mais difícil combater esses criminosos. Estamos pedindo também que as concessionárias cedam um espaço para um agente monitorar as rodovias de dentro das salas de controle de tráfego. De lá, podemos perceber qualquer atitude suspeita e agir com mais rapidez”, afirma o inspetor André Luiz Azevedo, da PRF.


Ele também pede a colaboração dos usuários das vias, pedindo que liguem para o telefone 191 sempre notarem alguma movimentação suspeita na estrada. “Nosso objetivo não é partir para o confronto, colocando em risco a vida das pessoas. Sabemos que essas quadrilhas agem muito bem armadas e com outros carros dando cobertura. Mas podemos direcionar melhor nosso patrulhamento a partir de uma informação”, conclui.
(G1)

Nenhum comentário: