Carros trazidos por montadora alemã surpreendem pela velocidade e potência nas trilhas de terra
De bicicleta, um morador da cidade de Diorama, interiorzão de Goiás, saiu de casa para acompanhar o Rali dos Sertões. Ao ver a passagem do Race Touareg 2, da Volkswagen, resmungou:
- Mas parece um sapo.
O design é arrojado, mas o que surpreende mesmo é a velocidade e potência com que os Touaregs ganham as trilhas de terra do Rali dos Sertões. Os dois carros trazidos pela Volkswagen estão liderando com folgas e costumam completar as provas cerca de 10 minutos antes dos adversários.
- Eles são ours-concours. Não há adversários à altura deles no Brasil – definiu o experiente piloto André Azevedo.
Os modelos que desfilam nos Sertões são evoluções dos primeiros Race Touaregs, fabricados em 2005. Os Race Touaregs 2 surgiram há um ano, especialmente para o Rali Dacar 2008, que acabou cancelado. Assim que chegaram ao Brasil, ficaram ‘escondidos’ em uma concessionária da Volks. Ao fim de cada etapa do rali, eles passam por uma rápida revisão e, depois, são cobertos com capas.
- Quanto mais desenvolvemos o carro, mais fácil fica para dirigir. Quanto mais fácil de dirigir, menos erros cometemos, facilitando o trabalho da nossa equipe – explicou o líder do Rali dos Sertões, o sul-africano Giniel de Villiers, que pilota uma dessas máquinas.
Os motores são a grande sensação desses carros. Eles têm cinco cilindros em linha TDI (injeção direta a turbo, na tradução do inglês para o português). O turbo funciona em dois estágios, dependendo do giro do motor. O ronco dessas máquinas pode ser ouvido a longas distâncias. Nas curvas, o carro aparenta uma estabilidade nunca vista nos Sertões, e voa nas lombadas, aterrizando com segurança.
- Pode parecer fácil dirigir esse carro, mas não é. É difícil mantê-lo na estrada em alta velocidade, com tantos obstáculos. Existe o risco de a gente sair da pista. Então, temos de nos concentrar bastante para não cometer erros – contou De Villiers.
Segundo o piloto, os Touaregs são fruto de muitas pesquisas e estudos. Por serem extremamente econômicos, os carros saem dos boxes com menos combustível, o que os torna ainda mais leves e velozes. Outro destaque é o sistema de câmbio, com cinco marchas seqüenciais.
O esforço da Volks tem explicação. A montadora nunca conseguiu vencer um Rali Dacar. Segundo a imprensa européia, para este ano a marca está investindo US$ 80 milhões nos ralis. Para se ter uma idéia, sua principal concorrente, a Mitsubish, que detém a maioria dos títulos do Dacar, está investindo US$ 60 milhões.
- Nós tivemos muito perto de vencer no passado. Em 2006 ficamos em segundo, a apenas 15 minutos do líder. É claro que nossa meta é vencer o Dacar, mas não é fácil, tem de estar muito preparado e ter sorte também. Definitivamente hoje estamos no mesmo nível dos Mitsubishs.
Em abril, os Race Touaregs venceram o Rali da Europa Central, na Hungria e na Romênia, competição criada para substituir o Dacar. Então, se cuida Mitsubish.
Gigante até no apoio
A Volkswagen veio ao Brasil com tudo. A equipe de apoio é formada por outros dois Touaregs, duas vans, três caminhões MANs e sete Crossfox, que estão sendo usados como carros de apoio.
A montadora trouxe ao Brasil ainda cerca de 40 pessoas. Uma empresa terceirizada cuida da instalações dos banheiros e da preparação de comida para a equipe, além da montagem das barracas para pilotos e mecânicos. Uma infra-estrutura de Primeiro Mundo em pleno Sertão Brasileiro.
Brasileiros criam o Touajegue
Ele tem medidas parecidas com as dos Touaregs. Mas as comparações param por aí. O Sherpa V2 tem motor de 2.8L Turbo Diesel Intercooler, 4 cilindros, 12 válvulas, DOHC. Foi criado pelo paulistano Richard Vavers, que competiu com o carro em 2005.
Hoje quem pilota o Touajegue é o cearense Riamburgo Ximenez (vencedor do Rali dos Sertões em 1999). O próprio Riamburgo foi quem deu esse carinhoso apelido ao seu carro.
- O jegue é pau pra toda hora, está pronto pra qualquer situação, principalmente para sobreviver no Sertão - explicou Riamburgo.
Especificações técnicas dos Race Touaregs 2:
5 cilindros em linha TDI a diesel, sistema super charging em dois estágios com turboschargers e intercooler localizados atrás da suspensão dianteira. Capacidade cúbica: 2.500 cm3 Potência aproximada: 206 kW (280 PS) Restritor de entrada de ar: 38 mm (FIA/ASO regulation) 5 marchas seqüenciais Embreagem hidráulica ZF Sachs com três pratos cerâmicos Sistema de Freios: Dianteiros e traseiros ventilados a disco (320 mm de diametro), freios calipers de alumínio (seis êmbolos dianteiros, quatro êmbolos traseiros) Rodas: 7.2 x 16 polegadas Pneus: BFGoodrich 235-85/16 Comprimento: 4.171 mm Largura: 1.996 mm Altura: 1,762 mm Peso mínimo: 1.787,5 kg
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