Segundo as empresas, alta do preço da borracha não será repassada ao produto.
Elas buscam redução nos custos de produção para garantir concorrência com chineses.
De acordo com o diretor de assuntos corporativos da Bridgestone Firestone do Brasil, Raul Viana, a questão das commodities é delicada. “Do ano passado para cá os custos da matéria prima da borracha natural, da borracha sintética e dos derivados do petróleo tiveram crescimento superior a 20%”, afirma.
Segundo o diretor, o próprio mercado não permite reajuste de preços. “A briga é buscar produtividade”, ressalta Viana. A opinião do gerente de marketing de produto de pneus de passeio e caminhonete Michelin América do Sul, Renato Silva, é a mesma. “O mercado é limitador por si só”, afirma Silva.
Apesar da pressão, o gerente da Michelin acredita que o aumento dos preços do petróleo é mais preocupante para o consumidor de combustíveis, como a gasolina. Mesmo assim, a Michelin investe fortemente em pesquisa, para buscar soluções de redução de custo.
Concorrência no mercado de reposição O novo cenário enfrentado pela indústria de pneumáticos abrange muita mais do que a alta dos preços dos insumos. Há, também, a necessidade de investir em capacidade produtiva — para conseguir abastecer as montadoras — e a concorrência dos importados no mercado de reposição.
De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), nos últimos cinco anos as empresas associadas investiram US$ 1,2 bilhão no país. Os investimentos mais recentes foram aplicados entre o fim do ano passado e início deste ano para atender a demanda dos carros novos.
Somente a Bridgestone Firestone vai investir US$ 120 milhões nos próximos três anos na fábrica de Santo André, para aumentar a produção de pneus de carga e agrícola. Segundo a Anip, por causa de tais investimentos, as montadoras não enfrentarão problemas de abastecimento.
Efeito das vendas será sentido daqui três anos
Não é somente os fabricantes de carros que temem os preços dos produtos asiáticos. A indústria de pneus tem uma séria preocupação com a presença dos chineses no mercado de reposição, isso porque o lucro se concentra nesse segmento. Ou seja, quando os carros adquiridos hoje entrarem na fase de troca dos pneus — em cerca de três anos —, a disputa pelo mercado vai se tornar ainda mais acirrada.
“O asiático em geral disputa mercado com todos os fabricantes. Eles atuam bem no segmento de preço mais baixo e isso faz gerar uma disputa muito forte em segmentos populares”, explica Renato Silva, da Michelin, que tem as vendas focadas no mercado de reposição.
Quem sente bem a concorrência chinesa é a Continental Pneus, pois atua diretamente nos segmentos mais populares. Segundo o gerente de produto e serviços técnicos da Continental, Gilberto Viviani, o trabalho da empresa se concentra nas revendedoras multimarcas. “Mostramos ao cliente a importância do custo-benefício. Olhar somente a quilometragem não significa qualidade”, afirma.
Além disso, tendo em vista que os consumidores normalmente optam pela marca que já está no carro para a primeira e a segunda troca de pneus, a Continental pretende atuar com mais força no mercado original (abastecimento das montadoras). A meta da empresa é em 10 anos atingir cerca de 10% do mercado original.
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