sexta-feira, 13 de junho de 2008

Preço dos pneus não vai aumentar, garantem fabricantes


Segundo as empresas, alta do preço da borracha não será repassada ao produto.
Elas buscam redução nos custos de produção para garantir concorrência com chineses.


O momento é, no mínimo, desafiador para a indústria nacional de pneus. Apesar dos seguidos recordes de vendas de veículos registrados no Brasil, as fabricantes de pneus enfrentam hoje diversos obstáculos que exigem uma nova postura para equilibrar custos de manufatura. O maior problema está na alta dos preços dos insumos, que pressionam o valor do produto final: como a disputa do mercado é acirrada — principalmente por causa dos baixos preços dos importados — a fabricantes garantem que não vão repassar os aumentos para o consumidor.


De acordo com o diretor de assuntos corporativos da Bridgestone Firestone do Brasil, Raul Viana, a questão das commodities é delicada. “Do ano passado para cá os custos da matéria prima da borracha natural, da borracha sintética e dos derivados do petróleo tiveram crescimento superior a 20%”, afirma.


Segundo o diretor, o próprio mercado não permite reajuste de preços. “A briga é buscar produtividade”, ressalta Viana. A opinião do gerente de marketing de produto de pneus de passeio e caminhonete Michelin América do Sul, Renato Silva, é a mesma. “O mercado é limitador por si só”, afirma Silva.


Apesar da pressão, o gerente da Michelin acredita que o aumento dos preços do petróleo é mais preocupante para o consumidor de combustíveis, como a gasolina. Mesmo assim, a Michelin investe fortemente em pesquisa, para buscar soluções de redução de custo.


Concorrência no mercado de reposição O novo cenário enfrentado pela indústria de pneumáticos abrange muita mais do que a alta dos preços dos insumos. Há, também, a necessidade de investir em capacidade produtiva — para conseguir abastecer as montadoras — e a concorrência dos importados no mercado de reposição.


De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), nos últimos cinco anos as empresas associadas investiram US$ 1,2 bilhão no país. Os investimentos mais recentes foram aplicados entre o fim do ano passado e início deste ano para atender a demanda dos carros novos.


Somente a Bridgestone Firestone vai investir US$ 120 milhões nos próximos três anos na fábrica de Santo André, para aumentar a produção de pneus de carga e agrícola. Segundo a Anip, por causa de tais investimentos, as montadoras não enfrentarão problemas de abastecimento.


Efeito das vendas será sentido daqui três anos

Não é somente os fabricantes de carros que temem os preços dos produtos asiáticos. A indústria de pneus tem uma séria preocupação com a presença dos chineses no mercado de reposição, isso porque o lucro se concentra nesse segmento. Ou seja, quando os carros adquiridos hoje entrarem na fase de troca dos pneus — em cerca de três anos —, a disputa pelo mercado vai se tornar ainda mais acirrada.


“O asiático em geral disputa mercado com todos os fabricantes. Eles atuam bem no segmento de preço mais baixo e isso faz gerar uma disputa muito forte em segmentos populares”, explica Renato Silva, da Michelin, que tem as vendas focadas no mercado de reposição.


Quem sente bem a concorrência chinesa é a Continental Pneus, pois atua diretamente nos segmentos mais populares. Segundo o gerente de produto e serviços técnicos da Continental, Gilberto Viviani, o trabalho da empresa se concentra nas revendedoras multimarcas. “Mostramos ao cliente a importância do custo-benefício. Olhar somente a quilometragem não significa qualidade”, afirma.


Além disso, tendo em vista que os consumidores normalmente optam pela marca que já está no carro para a primeira e a segunda troca de pneus, a Continental pretende atuar com mais força no mercado original (abastecimento das montadoras). A meta da empresa é em 10 anos atingir cerca de 10% do mercado original.

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