domingo, 1 de junho de 2008

Os ricos 50 anos de história das Mil Milhas


- Bom dia, meu nome é Wilson Fittipaldi, esta é a minha esposa Juzy. Sou jornalista, vim de São Paulo para convidá-lo a disputar uma nova corrida que estou organizando, as Mil Milhas, em Interlagos.

O diálogo acima realmente existiu, no início de 1956, entre o idealizador do evento que na sua próxima edição, dia 21 de janeiro de 2006, completará 50 anos e o vencedor da primeira Mil Milhas, o gaúcho Breno Fornari. Wilson Fittipaldi, hoje com 84 anos, e Jucy, 83, foram de São Paulo a Porto Alegre com uma perua DKW convidar, porta a porta, os pilotos do Rio Grande do Sul, bem organizados, por conta das corridas de carretera que participavam, bastante populares na época.


















A primeira Mil Milhas foi um sucesso. O Barão, como é mais conhecido Wilson Fittipaldi, havia visto a largada da versão original da prova, Mille Miglie, na Itália, em 1949, apaixonou-se e decidiu criá-la no Brasil também, junto de Eloi Gogliano, já falecido. "Mas para ser disputada num circuito fechado de velocidade, Interlagos, e não pelas estradas do país, como se fazia na Itália", lembra o Barão. Dos 44 inscritos na edição de 1956 nada menos de 38 provinham do Sul.

Em 50 anos as mudanças foram muitas. Há, agora, por exemplo, um novo promotor, o piloto Antônio Herman, que adquiriu do Centauro Motor Clube os direitos das Mil Milhas para os próximos 15 anos. "Desejamos torná-la ainda melhor, mais profissional e internacional", diz Herman. Entre os esforços do Barão e de Gogliano para viabilizar a primeira Mil Milhas e a de Herman para a que celebrará 50 anos muitas ultrapassagens ocorreram.

Num certo sentido, as Mil Milhas são como que um palco onde desfila a própria história do automobilismo brasileiro. Foi nele que as românticas carreteras cederam espaço para os veículos de série produzidos no Brasil pelas montadoras recém-instaladas, no início dos anos 60, como Willis, Simca, Volkswagen, Vemag, envolvidas diretamente na disputa. Os espectadores assistiram da platéia aos pilotos passarem a receber pelo trabalho que realizavam, tornaram-se profissionais.

Mas o desenvolvimento das Mil Milhas ao longo dos anos mostrou muito mais, como a introdução dos conceitos básicos de segurança, tipo capacete, cinto de segurança, pneus apropriados para elevadas velocidades, dentre outros. Quantas lendas não cercam as Mil Milhas... Emerson Fittipaldi teve problemas no seu Malzoni nas voltas finais da edição de 1966 e não ganhou a corrida organizada por seu pai. Venceu outro piloto que faria história, Camilo Christófaro.

As Mil Milhas testemunharam como nenhuma outra prova as profundas modificações introduzidas em Interlagos, que chegou a ser loteado pouco antes da primeira edição, em 1956. A Stock Car tomou conta das Mil Milhas nos anos 80, de onde surgiu Zeca Giaffone, o maior vencedor da mais tradicional corrida de automóvel do Brasil, em 1981, 1984, 1986, 1988 e 1989.

A primeira colocação do atual promotor do evento, Antônio Herman, em 1993, deu início a era dos carros mais sofisticados e rápidos, como o seu Porsche. O último exemplo dessa nova realidade técnica provém da vitória da família Negrão, reforçada pelo atual campeão da Stock Car, Giuliano Losacco, este ano, com o ultraavançado Audi TT, utilizado no conceituado Campeonato Alemão de Turismo, o famoso DTM. "Esse é o nosso objetivo, combinar o que temos de melhor no automobilismo brasileiro com a participação de importantes equipes do exterior", comenta Herman.

Fonte: www.milmilhasbrasil.com.br Livio Oricchio

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