segunda-feira, 23 de junho de 2008

Mercedes AMG


A AMG, divisão de preparação da Mercedes, está deixando de ser um mero departamento da fábrica para se tornar uma marca, com identidade visual, equipe de vendas e engenharia. Emancipada, ela será o braço da Daimler no rentável segmento de carros com alto nível de performance e personalização, nicho que tem prosperado em velocidade compatível com a dos seus carros. O primeiro evento da nova fase da AMG no Brasil aconteceu em março. Foi um encontro com jornalistas para uma tripla apresentação, a dos sedãs Classes E, S e o recém-lançado C. O local, escolhido de acordo com o temperamento dos carros, foi um autódromo particular, localizado no interior de São Paulo.

Logo na chegada, o caminho que levava da portaria à recepção da pista estava decorado com bandeiras da AMG (brancas, com o emblema preto). Nem sinal da estrela da Mercedes, numa clara demonstração de maioridade da nova marca. Nos carros, as três letras e a estrela de três pontas continuarão juntas, mas toda a operação da AMG terá vida própria, a partir de agora. Serão 14 modelos no Brasil, entre sedãs, cupês, conversíveis e utilitários, vendidos sob encomenda nas revendas Mercedes, que terão vendedores especialmente designados e treinados para atender os clientes da AMG, segundo a própria Mercedes.


O C 63 AMG foi lançado no fim do ano passado na Europa e está chegando agora ao Brasil. Ele é o mais novo modelo da AMG e o que melhor materializa a mudança de status da marca. Enquanto os primeiros AMG eram reconhecidos unicamente pelos desenhos das rodas e pelo emblema na traseira, o C 63 AMG é um sedã que não tem pruridos de se assumir esportivo. À primeira vista, os dois grandes ressaltos no capô anunciam o V8, de 463 cv. A grade dianteira e as saias laterais alargadas dão mais agressividade ao design. E, na traseira, a indumentária se completa com um aerofólio, duas ponteiras de escapamento duplas e um difusor de ar sob o pára-choque. Na cabine, os bancos são envolventes, do tipo concha, e o volante tem a parte inferior achatada. A inscrição AMG aparece nos bancos e nos mostradores.


Ao volante, o C 63 é um carro que aceita ser dirigido no dia-a-dia com suavidade. Mas quem quiser levá-lo para umas voltas no autódromo terá diversão garantida. O motor é capaz de fazer o C 63 acelerar de 0 a 100 km/h em 4,5 segundos, de acordo com a fábrica. O câmbio seqüencial de sete marchas, com comandos no volante, proporciona total controle ao motorista, nas acelerações e nas reduções. Segundo a AMG, essa caixa realiza as trocas em um piscar de olhos, mais precisamente em 100 milissegundos. O volante também é rápido. Em nosso test-drive, o C 63 se revelou um carro ágil e preciso nas manobras. O chassi curto, em comparação com os sedãs E e S, faz o C 63 AMG lembrar o comportamento de um kart.


Mesmo quem não tem habilidade de piloto pode se divertir ao volante do C 63 AMG. O sedã conta com um sistema eletrônico de estabilidade (ESP) capaz de se adaptar a todo tipo de condução. São três modos de operação: On, Off e Sport. No primeiro, o sistema funciona como um atento co-piloto, monitorando constantemente os movimentos do carro e interferindo ao menor sinal de perda de controle por parte do motorista. A correção pode ser pelo acionamento dos freios, pelo corte do motor ou pela atuação de ambos. No modo Sport, o ESP continua vigiando o deslocamento do carro, mas se torna bem mais permissivo, deixando o motorista se expor aos limites com um estilo de direção mais esportivo. O sistema deixa o carro escorregar nas curvas e só entra em ação quando identifica uma situação em que o motorista já não é mais capaz de corrigir a trajetória. No terceiro estágio, desligado, o ESP fica totalmente desativado, recurso impensável em um Mercedes convencional. Quando a Mercedes disponibiliza a tecla Off para o ESP de seus carros, ela o faz sob liberdade vigiada: o sistema é reativado sempre que o carro ultrapassa os 40 km/h. O modo Off, nesse caso, existe só para permitir que o carro inicie o movimento em pisos escorregadios, como na neve, por exemplo, onde é necessário deixar as rodas giraram em falso para cavar e buscar a aderência no asfalto que está por baixo.


Em matéria de segurança, essa é a única concessão do C 36. Isso porque a AMG não abre mão dos equipamentos de proteção disponíveis na linha Mercedes. O modelo E 63 AMG, por exemplo, vem com o mesmo sistema Pre-Safe presente nas versões bem-comportadas da Classe E. Esse equipamento é um complexo sistema que reconhece uma situação de perigo e prepara o carro para minimizar as conseqüências de um acidente. Se a desaceleração for excessiva ou o veículo se encontrar em uma condição que tende a deixá-lo desgovernado, o Pre-Safe posiciona os bancos e os encostos de cabeça para que eles possam apoiar firmemente os ocupantes e ajusta os cintos de segurança como medida de precaução.


O Classe E AMG tem o mesmo motor V8 aspirado, presente no C 63 AMG e que também equipa o S 63 AMG. Mas cada aplicação recebeu cuidados diferen tes, em relação ao mapeamento das centrais eletrônicas. Assim, enquanto o C 63 tem 463 cv, o E 63 conta com 521 cv e o S, com 532 cv. Segundo a AMG, essa diferença é proposital para atender as diferentes necessidades de cada conjunto, a fim de que todos os carros consigam atingir o mesmo (alto) nível de desempenho. Dessa forma, a fábrica anuncia que os três, C, E e S, conseguem acelerar de 0 a 100 km/h no mesmo patamar de 4,5 segundos e chegar a 250 km/h de velocidade, eletronicamente limitada.


O E 63 AMG acelera tanto quanto o Classe C, mas, como é maior e mais pesado, ele se torna um pouco mais lento nas manobras. Além disso, apesar de ter o conjunto de molas e amortecedores recalibrado para desempenho mais esportivo, sua suspensão ainda é bem mais macia que a do irmão menor, o que o torna menos pronto para as curvas, por exemplo. Para quem aprecia alto desempenho, mas preza ainda mais o conforto, o E é a pedida ideal. Sua cabine é mais espaçosa, luxuosa e silenciosa que a do C 63 AMG.


Suspensão ativa


Se a prioridade é sofisticação, no entanto, o mais indicado de todos é o Classe S. Além de ser o maior, é "simplesmente o melhor" dentro da linha Mercedes - princípio estabelecido por ninguém menos que um dos criadores da marca, Gottlieb Daimler. O S 63 AMG se diferencia do Classe S convencional pelo visual mais esportivo - composto por saias laterais, rodas e ponteiras de escapamento cromadas - e também pelos itens a bordo, entre os quais detalhes de couro Alcantara nos bancos e um relógio suíço no painel, da marca International Watch Company. O modelo Ingenieur foi desenvolvido especialmente para a AMG.


O S 63 é maior que o E, mas o motor V8 faz com que eles pareçam ter o mesmo tamanho. Pisando fundo, a impressão é de que o Classe S fica menor, de tão ágil que ele se torna. Assim como no Classe E, a suspensão do S é pneumática. Ela ajusta sua altura e rigidez de acordo com as condições de rodagem. E, se o motorista quiser, pode optar por dois modos de comportamento, confortável ou esportivo. O S conta ainda com o sistema ativo ABC (Active Body Control), que controla as oscilações da carroceria.


A Mercedes define preços básicos para os modelos AMG. O C 63 AMG custa 195 000 dólares, o E 63 AMG 225 000 dólares e o S 63 AMG 293 600 dólares. Os carros são completos. A classificação "básico" só faz sentido pelo fato de o cliente poder acrescentar os itens que quiser, trocando componentes, cores de revestimento e de carroceria, como um industrial árabe que encomendou um Classe S com uma pintura especial, cuja base era de tinta preta com partículas de ouro, para deixar o sedã ainda mais exclusivo.



FÓRMULA AMG


SL 63: estréia na Austrália


O safety-car da F-1 em 2008 é o novo SL 63 AMG, que fez sua estréia no GP da Austrália. Ele tem o mesmo V8 de 532 cv do SL de rua. A maior diferença entre os dois está no peso. O safety-car é 220 kg mais leve, pois, apesar de ganhar quilos em itens de segurança, perdeu vários de conforto. O maior compromisso do SL de pista é com o desempenho, pois ele deve ser rápido o suficiente para não obrigar os pilotos a reduzir demais a velocidade. Isso evita que os motores aqueçam demais e os freios e pneus esfriem.


A FÁBRICA DOS BRINQUEDOS



Cada motor é assinado pelo seu engenheiro

A AMG foi criada em 1967, por dois exfuncionários da Mercedes, com a missão de transformar Mercedes-Benz comuns em carros de competição. O A vem do sobrenome de um dos sócios, Hans Werner Aufrecht. O M, de Erhard Melcher. E o G vem do nome da cidade natal de Melcher, Grosspach. A AMG foi comprada pela Daimler em 2005. Mas a parceria entre as empresas começou em 1990, quando a Daimler passou a distribuir os AMG em suas revendas pelo mundo. Em 1993, veio o primeiro desenvolvimento em conjunto, que foi o C 36 AMG. A AMG se autodefine como uma empresa de engenheiros que desenvolvem carros de alto desempenho. Atualmente, ela emprega 800 funcionários que no ano passado produziram 20 000 automóveis. Seus clientes estão em todo o mundo, a maioria nos Estados Unidos, e são pessoas que, quando compram um AMG, já possuem em média de sete a 11 carros na garagem, segundo estatísticas da casa. Por isso, não se importam de esperar até seis meses para que o modelo pedido fique pronto. A demora se deve ao modo de produção da fábrica, onde cada motor é montado individualmente por um engenheiro, o qual, ao finalizar o trabalho, fixa uma placa com sua assinatura.




E 63 AMG - US$ 225 000


Ele tem a receita ideal para quem quer um carro de alto desempenho sem abrir mão do conforto a bordo.


Motor: dianteiro, longitudinal, V8, 32 válvulas
Cilindrada: 6 208 cm3
Diâmetro x curso: 102,2 x 94,6 mm
Taxa de compressão: 11,3:1
Potência: 514 cv a 6 800 rpm
Torque: 64,2 mkgf a 5 200 rpm
Câmbio: seqüencial, 7 marchas, tração traseira
Carroceria: aço, sedã, 5 lugares, 4 portas
Dimensões: comprimento, 488 cm; largura, 182 cm; altura, 146 cm; entreeixos, 285 cm
Peso: 1 840 kg
Peso/potência: 3,6 kg/cv
Peso/torque: 28,7 kg/mkgf
Volumes: porta-malas, 530 litros; combustível, 80 litros
Suspensão: Dianteira: independente com 4 braços. Traseira: independente, multilink
Freios: discos ventilados e perfurados nas 4 rodas
Direção: elétrica, do tipo pinhão e cremalheira
Rodas: liga leve, aro 18
Pneus: 245/40 R18 (dianteiro) e 265/35 R18 (traseiro)




C 63 AMG - US$ 195 000


O menor dos sedãs da linha é o que mais diverte o motorista em uma pista. Ele é o mais rápido e fácil de manobrar.


Motor: dianteiro, longitudinal, V8, 32 válvulas
Cilindrada: 6 208 cm3
Diâmetro x curso: 102,2 x 94,6 mm
Taxa de compressão: 11,3:1
Potência: 463 cv a 6 800 rpm
Torque: 61,2 mkgf a 5 000 rpm
Câmbio: seqüencial, 7 marchas, tração traseira
Carroceria: aço, sedã, 5 lugares, 4 portas
Dimensões: comprimento, 472 cm; largura, 179 cm; altura, 144 cm; entreeixos, 276 cm
Peso: 1 730 kg
Peso/potência: 3,7 kg/cv
Peso/torque: 28,3 kg/mkgf
Volumes: porta-malas, 475 litros; combustível, 66 litros
Suspensão: Dianteira: independente com 3 braços. Traseira: independente, multilink
Freios: discos ventilados e perfurados nas 4 rodas
Direção: hidráulica, do tipo pinhão e cremalheira
Rodas: liga leve, aro 18
Pneus: 235/40 ZR18 (dianteiro) e 255/35 ZR18 (traseiro)




S 63 AMG - US$ 293 600


O mais potente dos três, com 532 cv, é também o mais requintado, com relógio suíço IWC no painel.


Motor: dianteiro, longitudinal, V8, 32 válvulas
Cilindrada: 6 208 cm3
Diâmetro x curso: 102,2 x 94,6 mm
Taxa de compressão: 11,3:1
Potência: 532 cv a 5 100 rpm
Torque: 64,2 mkgf a 5 200 rpm
Câmbio: seqüencial, 7 marchas, tração traseira
Carroceria: aço, sedã, 5 lugares, 4 portas
Dimensões: comprimento, 520 cm; largura, 187 cm; altura, 147 cm; entreeixos, 316 cm
Peso: 2 250 kg
Peso/potência: 4,2 kg/cv
Peso/torque: 35,1 kg/mkgf
Volumes: porta-malas, 560 litros; combustível, 90 litros
Suspensão: Dianteira: independente com quatro braços. Traseira: independente, multilink
Freios: discos ventilados e perfurados nas 4 rodas
Direção: elétrica, do tipo pinhão e cremalheira
Rodas: liga leve, aro 19
Pneus: 255/40 R19 (dianteiro) e 275/40 R19 (traseiro)

Revista Quatro Rodas

Nenhum comentário: