terça-feira, 26 de agosto de 2008

Mercedes CLS 350


A Mercedes foi conservadora na hora de mexer em um de seus modelos mais arrojados. Aceleramos os 272 cv do novo CLS 350, de R$ 310 mil


Conhecida por sua sobriedade, a Mercedes-Benz resolveu ousar alguns anos atrás. Na época, a marca ampliou sua oferta com modelos, digamos, diferenciados. Nessa leva vieram o Classe B, o Classe R e o CLS, entre outros. Algumas investidas, como o estranho Classe R, não tiveram o sucesso esperado. Mas o CLS virou referência, e está fazendo a concorrência correr atrás. Passat CC e o futuro Porsche Panamera são discípulos da filosofia “cupê de quatro portas”, inaugurada pelo Mercedes. E BMW e Audi já preparam seus representantes.


Para que o CLS continue na vanguarda da categoria, a marca da estrela promoveu alterações no modelo. Coisa leve, apenas para dizer que mudou. A grade é nova, com duas aletas em vez das quatro de antes. Mas o mais bacana são as luzes de direção em forma de flecha nos retrovisores, com LEDs. O mesmo efeito ocorre com os indicadores da lanterna traseira, que ganham destaque especial à noite.


As rodas aro 17” desta versão 350 também são novas, com desenho discreto, e vestem pneus 245/40. Menos tradicionais ficaram as saídas de escape, que deixaram de ser ovais e agora têm forma de trapézio. Achou pouco? Bom, o CLS ainda atrai a atenção nas ruas como se fosse lançamento, a despeito de seus quase quatro anos de idade. Claro que ajudam nisso as vendas restritas do carro, que registrou apenas 38 emplacamentos até junho deste ano. Parte dessa exclusividade vem do preço de R$ 310 mil, que foi mantido do modelo 2007.


Goste se ou não do design do CLS, de uma coisa não dá para reclamar: desempenho. Mesmo nessa versão de entrada, por assim dizer, estamos diante de um motor V6 de 272 cv e 35,7 kgfm de torque aliado a uma das melhores transmissões automáticas da atualidade, a 7G-Tronic de sete marchas. Com esse conjunto, nem mesmo as mais de duas toneladas do carrão são capazes de impedir acelerações e retomadas rápidas. Segundo as medições da Mercedes, o CLS 350 não precisa mais do que 7s para chegar aos 100 km/h e só não supera os 250 km/h de máxima por causa de um limitador eletrônico. Imagina o que não fazem a CLS 500, de 388 cv, e a impetuosa CLS 63 AMG, de 514 cv?


O câmbio 7 G-Tronic tem três modos de funcionamento. No “comfort”, as trocas são as mais suaves possíveis e o sistema busca logo uma marcha elevada, para melhorar o consumo — que pode chegar a uma média de 9,9 km/l, de acordo com a Mercedes. A opção “sport” efetua as mudanças com a rotação mais próxima da zona de corte do motor, e reduz as marchas quando a gente freia. Por fim, temos o modo manual. Além de permitir que você faça as trocas por borboletas atrás da direção (antes eram botões no próprio volante), esse “setup” diminui em 0,2 s a aceleração de 0 a 100 km/h, diz a marca.


As borboletas na direção são um belo exemplo de como a Mercedes vem aderindo à esportividade. O próprio volante passou a ser de três raios, mais esportivo, nesta versão reestilizada. A suspensão não é rígida a ponto de ser desconfortável, mas também não dá moleza nas curvas. O cupêzão de quase 5 metros segue firme mesmo em ritmos velozes, embora não seja o mais indicado para trechos travados, por conta de seu porte.


Outras partes do carro, porém, mantêm a tradição. O acabamento impecável, com painel revestido de couro, é uma delas. O grande relógio analógico no quadro de instrumentos também continua lá. Mas bem que algumas tradições poderiam ser deixadas de lado. Em plena era da eletrônica, o freio de estacionamento acionado por um pedal (como nas picapes) é coisa do passado. Até o VW Passat, bem mais barato, tem freio-de-mão eletrônico. A marca também poderia mudar a posição da alavanca do controlador automático de velocidade, que se confunde com a da seta.


Aos poucos, no entanto, a Mercedes vai aderindo às modernidades. O CLS agora vem com um novo sistema de áudio, com tocador de CD, DVD, bluetooth e entrada para SD card. Faltou a conexão com iPod e a tela sensível ao toque, que alguns concorrentes já trazem. Mas calma. Olha o design arrojado do CLS. A Mercedes não seria ousada assim em outras épocas.





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